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EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS CRISTÃOS

“Role Model” – A Importância de Um Conceito

Alderi Souza de Matos
Uma sociedade demonstra que determinado valor ou comportamento é importante para ela quando cria um termo para expressá-lo. É o caso do conceito de “role model”, expressão usual nos países de língua inglesa, mas que não possui um equivalente exato em português. O Dicionário Webster o define como “uma pessoa cujo comportamento em um papel específico é imitado por outros”. Seria algo como um “modelo de conduta”. Nos Estados Unidos, é comum uma personalidade pública ser chamada de “role model”, com o entendimento de que, pelo fato de exercer forte influência, principalmente sobre crianças, adolescentes e jovens, essa pessoa tem a obrigação de dar um exemplo positivo, construtivo.
Na Bíblia, o “role model” mais notório e declarado é o apóstolo Paulo. Em diversas passagens de suas epístolas, ele se apresenta explicitamente como um modelo digno de ser imitado pelos cristãos do seu tempo (1Co 4.16; Fp 3.17; 2Ts 3.7-9; 1Tm 1.16). Acima de tudo, porém, Paulo coloca diante das pessoas o supremo “role model” – Jesus Cristo (1 Co 11.1; 1Ts 1.6s; Fp 2.5). Numa época carente de bons exemplos, o grande apóstolo julgava ter a responsabilidade de servir de referencial para os cristãos que estavam sob seus cuidados pastorais. Essa é uma questão fundamental na sociedade brasileira contemporânea, na qual a conduta de muitas figuras públicas tem ficado aquém do desejável, com resultados funestos para a formação das novas gerações.
O mundo artístico e desportivo
Pelas atividades que exercem e pela grande exposição que recebem nos meios de comunicação, atletas e cantores estão entre as pessoas mais admiradas e imitadas que existem em nossa sociedade. Eles estão entre os principais “ídolos” da infância e da juventude, sempre atentas a todos os seus movimentos. Suas roupas, linguagem e estilo de vida influenciam inevitavelmente as mentes e caracteres em formação. Todavia, nessas categorias, são relativamente poucos os que têm consciência do poder que exercem e buscam intencionalmente ser bons “role models” para seus fãs.
Como um exemplo negativo, pode ser citado o falecido cantor Tim Maia, dotado de uma belíssima voz, autor de grandes sucessos e artista de vasto apelo popular. Sua vida pessoal e seu comportamento ético estavam em total contraste com isso, como ele mesmo admitiu em diversas entrevistas. Um caso positivo é o do cantor Bono Vox (Paul David Hewson), principal vocalista da banda irlandesa U2, que tem se destacado por suas atividades humanitárias, principalmente em conexão com a África, e já esteve por diversas vezes no Brasil. No âmbito do futebol, um exemplo de destaque é o jogador Kaká (Ricardo dos Santos Leite), conhecido não só por seu talento esportivo, mas por sua vida familiar íntegra e por sua participação em causas filantrópicas.
A esfera política
O ambiente político é, no Brasil contemporâneo, aquele em que os verdadeiros “role models” são mais difíceis de encontrar. Em nenhuma outra área da sociedade, indivíduos projetam uma imagem e exercem uma influência tão inversamente proporcionais à relevância das funções que desempenham. Por causa das falhas de nossa formação cultural, das deficiências da legislação eleitoral e da falta de preparo de considerável parte da população para o exercício consciente do voto, os poderes executivo e legislativo acabam abrigando um bom número de homens e mulheres carentes de qualificações morais e intelectuais para a atuação política. O Congresso Nacional é uma instituição desacreditada, palco de sucessivos escândalos. Seus “conselhos de ética e decoro parlamentar” são notórios por seu corporativismo e ineficácia.
Felizmente, não é inevitável que seja assim. Não precisamos nos entregar ao ceticismo do antigo filósofo grego Diógenes, que andava pelas ruas durante o dia com uma lamparina, dizendo estar à procura de um homem honesto. Já tivemos em nossa vida pública estadistas de escol como José Bonifácio de Andrada e Silva, Diogo Antônio Feijó, Saldanha Marinho, Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, homens que tanto fizeram pelo Brasil e que até hoje servem de inspiração para muitos, principalmente os mais jovens. Devemos lutar para que um dia a honradez, o interesse público e a competência não sejam a exceção, mas a regra em nosso mundo político; para que nossos mandatários vejam suas funções não como meios para a obtenção de vantagens pessoais e partidárias, e sim como instrumentos de serviço à coletividade.
O lugar das igrejas
Muitos cristãos acham que a solução para esses problemas é fazer um maior investimento na evangelização do povo brasileiro. Se as pessoas se converterem a Cristo, dizem eles, elas automaticamente modificarão os seus valores e comportamentos e o Brasil será um país melhor. Infelizmente, os fatos não têm corroborado essa expectativa. As igrejas evangélicas estão crescendo como nunca, mas isso não tem se traduzido em uma elevação dos padrões éticos da sociedade. A atuação dos políticos evangélicos com frequência tem sido decepcionante. Muitos líderes eclesiásticos têm tido seus nomes associados à busca incessante de prestígio, poder e prosperidade financeira, estando muito longe de serem genuínos “role models” para os seus fiéis.
As igrejas precisam associar ao evangelismo outra ênfase absolutamente essencial para o futuro do país – a educação. Uma educação que seja integral, firmada em princípios bíblicos e voltada para a formação do caráter, para uma vida de altruísmo e para o pleno exercício da cidadania. Esse processo educativo deve começar com a formação dos quadros dirigentes das próprias igrejas, para que sejam pautados pela integridade, sensatez e equilíbrio. A partir daí, eles poderão exercer uma influência salutar e transformadora sobre suas comunidades e sobre a sociedade como um todo.
Conclusão
Nossa infância e juventude necessitam desesperadamente de “role models”, figuras exemplares de carne e osso que vão além do que se vê em livros, filmes e desenhos animados. As celebridades e as personalidades públicas precisam se conscientizar da responsabilidade que têm de servir de bons modelos para aqueles que são influenciados por suas palavras e ações. Que nossos artistas, desportistas, governantes, parlamentares, juízes, empresários, sacerdotes e pastores compreendam esse imperativo que recai inevitavelmente sobre eles.
- Reproduzido com permissão do autor -

Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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ESCOLA CRISTÃ: Uma aliança de princípios e propósitos



            Numa perspectiva cristã, podemos definir educação como:  toda uma série de instrução e disciplina com a intenção de iluminar o entendimento, corrigir o temperamento e formar as maneiras e hábitos dos jovens para que sejam úteis em suas futuras ocupações.” Webster 1828.

            Partindo desta definição, a escola cristã tem como objetivos principais, a formação de uma liderança servidora para a próxima geração, a formação do caráter de Cristo no aluno, a excelência acadêmica, a construção de uma erudição baseada numa cosmovisão cristã.      

            A  Bíblia menciona três instituições reconhecidas com autoridade outorgadas por Deus: a família, a igreja e o governo civil. Porém, só aos dois primeiros cabe prover educação (Ef 6:4 " E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. "; Mt 28:19 " Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; " ), uma vez que o governo civil jamais poderia atuar em nome da família, representando seus valores e objetivos próprios. O Estado traduz o pensamento da coletividade, partindo do princípio que a maioria está certa.

            O cenário das escolas atuais é de: desrespeito às autoridades, falta de disciplina, desinteresse pelo aprendizado, métodos que minimizam o trabalho do professor e do aluno, irresponsabilidade, influência da Nova Era nos temas e nos livros, baixa qualidade do ensino, imoralidade, corrupção, etc.

            Até os tempos de Jesus, a educação era realizada, prioritariamente, no lar e depois com o apoio da sinagoga para o aprendizado da lei. Depois apareceram os tutores, que podem ter dado lugar às academias particulares (Gl 4:1-2 " Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai. ").

            Portanto, biblicamente, a Escola Cristã de Educação por Princípios só tem sentido como uma extensão da família, para com ela cooperar em aliança de princípios e propósito, e sob a cobertura espiritual da igreja. A visão é de famílias unidas com a benção da igreja, trabalhando na formação de uma geração consciente de seus valores e responsabilidades, capacitada para servir a sociedade e cumprir o propósito de Deus. Trata-se de uma aliança estratégica, para garantir a expansão do Reino mesmo no meio de uma geração perversa e corrupta.



Lucimara Danielli S. Gonçalves

Pedagoga e pós-graduada em Fundamentos Cristãos da Educação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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A Escola de Educação por Princípios e Cosmovisão Cristã

            Ao longo da vida formamos opiniões a respeito dos mais variados assuntos: política, religião, família, educação, ética, relacionamentos, trabalho, vida, morte, etc. À maneira como cada indivíduo enxerga essas questões, chamamos de cosmovisão (visão de mundo), ou seja,  cosmovisão são as respostas de uma dada pessoa às questões principais da vida, quase todas com significante conteúdo filosófico.       

            Toda pessoa nasce com a necessidade de respostas sobre a vida, considerando que Deus pôs no coração do homem o anseio pela eternidade (Ec. 3.11). Deus, ao formar o homem à sua imagem e semelhança, lhe deu inteligência para questionar e buscar respostas (Gn1.26-28) e depois disto lhe deu leis (Rm. 2.15) para a proteção da liberdade e da propriedade.  Essas são características internas do homem que o levam a enxergar o mundo à maneira de Deus.  

            Há também, fatores externos que vão influenciar a cosmovisão do indivíduo: o núcleo familiar e outros grupos de relacionamentos, entre eles, a escola. Atualmente, as crianças passam no mínimo cinco horas na escola e outras até onze horas diárias. A escola é caracterizada, em muitos casos, como substituta do núcleo familiar, tendo, portanto grande ou maior poder de influência na visão que este aluno terá do mundo. Dependendo da influência, suas atitudes poderão ser de:  sede pelo conhecimento ou de desinteresse, de individualismo ou de consciência coletiva, de egoísmo ou de altruísmo, de honestidade ou de falsidade, de tolerância ou de violência, de compaixão ou de crueldade, de criacionismo ou de evolucionismo, de verdade absoluta ou de relativismo.

            A proposta da Educação por Princípios é pesquisar o conteúdo escolar, raciocinar sobre ele com o apoio das Escrituras, relacionar os princípios à vida do estudante e desafiá-los à prática, motivando-os através do exemplo do professor, que vivencia esses valores e, portanto, pode transmitir essa visão com resultados positivos. Se queremos uma nação melhor, com pessoas que cumpram o propósito para o qual Deus planejou, precisamos resgatar os princípios da palavra Deus, dados desde gênesis ao homem para desenvolver o caráter de Cristo e implantar a sua visão. Precisamos, como família cristã e como igreja de Cristo, investir na educação dos nossos jovenzinhos e encorajá-los desde cedo a ter pensamentos e, consequentemente, a VISÃO,  renovados pela palavra de Deus.